Neste trabalho analisaram-se as formas como o sociólogo francês Roger Bastide (1898-1974) articulou os termos raça/ religião em sua obra e, a partir disso, elaborou reflexões peculiares sobre o preconceito e as relações raciais no Brasil. Para isso, a análise centrou-se em recortes específicos de sua obra, nos quais se pode perseguir a formulação que deu aos debates da aculturação/ interpenetração cultural, das religiões de origem africana no país, e das relações raciais. O candomblé de rito nagô apresentou-se, em seus textos, como caso suigeneris de integração e parece se constituir em chave para o entendimento das razões pelas quais o autor elaborou determinado tipo de imagem e análises acerca da população afro-descendente em dado contexto. Outras chaves seriam: a polêmica em torno das reportagens da Paris Match e de O Cruzeiro, referentes a rituais secretos do candomblé e os usos possíveis que o autor fez do surrealismo e da história nas narrativas de O candomblé da Bahia e em As religiões africanas no Brasil. Todas estas frentes auxiliam a matizar e redimensionar as funções e intenções de alguns dos principais textos de Roger Bastide, para o tempo em que foram escritos.
Palavras-chave: Sociologia. Brasil. Intelectuais. História. Relações raciais. Cultos afro-brasileiros.