Questiona-se a possibilidade de investigar as relações entre indústria cultural e a dinâmica da satisfação com o consumo no mundo contemporâneo a partir da concepção de indivíduo compreendido como âmbito particular do sujeito da consciência afetado pela dimensão do inconsciente. Propõe-se o redirecionamento para a concepção de sujeito do inconsciente, ao qual pode-se conferir uma universalidade de estrutura e um assujeitamento de seus laços sociais à objetividade histórica. Essa mudança de foco permite pensar o imperativo de gozo como ideologia da sociedade de consumo: a força da ideologia, ao perder a pretensão à autonomia e adaptar-se à realidade material (Horhkeimer e Adorno), desloca-se do “convencimento” e do “auto-engano” que a caracterizava para a dimensão concreta e corporal da compulsividade e da pulsão. Por apoiar-se nas fixações alienantes do sujeito, a ideologia afirma e sustenta a condição neurótica e compulsiva do consumismo e da busca de satisfação particular como norma.
Palavras-chave: Ideologia. Gozo. Consumo. T. W. Adorno. J. Lacan.