O Cego e o Moço, de Teófilo Braga Fonte: Projeto Vercial <http://web.ipn.pt/literatura//> Permitido o uso apenas para fins educacionais. Este material pode ser redistribuído livremente, desde
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O MOÇO Teófilo Braga Um cego andava pedindo esmola pela mão de um moço; a uma porta deram-lhe um naco de pão e um bocado de linguiça. O moço pegou no pão e deu-o ao cego para metê-lo na sacola, e ia comendo a linguiça muito à sorrelfa. O cego, desconfiado, pelo caminho começa a bradar com o moço: – Ó grande tratante, cheira-me a linguiça! Acolá deram-me linguiça e tu só me entregaste o pão. – Pela minha salvação, que não deram senão pão. – Mas cheira-me a linguiça, refinado larápio! E começou a bater com o bordão no moço pancadas de criar bicho. O moço era ladino e disse lá para si que o cego lhas havia de pagar. Quando iam por uns campos onde estavam uns sobreiros, o moço embicou o cego para um tronco, e grita-lhe: – Salta, que é rego. O cego vai para saltar e bate com os focinhos no sobreiro. Grita ele: – Ó rapaz do diabo! Que te racho. Diz-lhe ele: Pois cheira-lhe o pão a linguiça, E não lhe cheira o sobreiro à cortiça? FIM |